ENTREVISTA: Posthuman Tantra



O Ciberpajé, mentor do Posthuman Tantra, respondeu à entrevista conduzida por mim, André Gorium, nos dando diversos detalhes sobre sua caminhada em várias ramificações da arte. Bem como processos criativos, projetos paralelos, censura e futuros lançamentos. Vamos ao que interessa.



*(Ciberpajé fotografado por Anésio Neto e Luiz Fers)


01 - Qual foi a motivação para a criação do Posthuman Tantra?

Ciberpajé: Sou um artista transmídia com interesse na criação de poéticas autorais desconectadas do mercado e do consumo massivo, o objetivo fundamental de minhas criações é a autotransformação rumo à minha integralidade de ser, encaro a arte como um ritual de transmutação da minha realidade. Mas também busco burlar a compartimentação das narrativas transmidiáticas no contexto da indústria cultural e desenvolver obras artísticas que utilizem as estratégias transmidiáticas, mas com intensões poéticas e de autoexpressão. Com esse objetivo criei o universo ficcional transmídia da “Aurora Pós-humana” - um work-in-progress desenvolvido por mim desde o ano 2000, e para o qual já realizei obras artísticas em múltiplos suportes – trata-se de meu esforço pessoal de levar as narrativas transmidiáticas para o contexto da arte. Assim, minhas obras em múltiplas mídias e suportes tomam como base esse universo de ficção científica. O Posthuman Tantra foi criado como base musical para a Aurora Pós-humana, com o objetivo de produzir as atmosferas sonoras desse mundo pós-humano tecnognóstico, mas ao longo dos anos esses objetivo ampliou-se e passei a realizar também performances multimídia com a banda, que no estúdio segue sendo um projeto solo, mas nos palcos tem a participação de integrantes do Grupo de Pesquisa Cria_Ciber que eu coordeno na Faculdade de Artes Visuais da UFG. Essas apresentações buscam inspiração nas tradições xamânicas ancestrais mixadas à hipertecnologia e aos contexto pós-humanista. Inclusive fomos a primeira banda do Brasil a utilizar efeitos de realidade aumentada nos palcos, isso em 2010. Em 2019 o Posthuman Tantra completa 15 anos de existência, consolidando-se como uma das bandas mais importantes da cena dark ambient do país, tendo lançado CDs oficiais na Suíça – primeira banda brasileira do estilo a assinar com um selo Europeu, a Legatus Records -, França, Inglaterra, Japão e Brasil, e participado de compilações nos 5 continentes do globo. Em 2014, quando o Posthuman Tantra completou 10 anos, a gravadora inglesa 412 Recordings organizou um álbum tributo duplo com bandas de 5 países fazendo suas versões de músicas minhas, uma obra fantástica e que muito emocionou-me. Atualmente o Posthuman Tantra ocupa um lugar de destaque em minha vida criativa, e as performances da banda já passaram por 4 regiões do Brasil.



02 - Vemos que o Posthuman Tantra não é só mais um projeto musical, ele se amplia em vários segmentos artísticos visuais. Qual a inspiração para a criação de todo esse universo?

Ciberpajé: Sim, o Posthuman Tantra apresenta em seus álbuns e performances narrativas visuais e sonoras que se passam no contexto de meu universo ficcional transmídia A Aurora Pós-humana. Trata-se de um work-in-progress desenvolvido por mim desde o ano 2000, e para o qual já realizei obras artísticas em múltiplos suportes: CDs, Eps, Singles, Quadrinhos, HQtrônicas, Contos, Aforismos, HQforismos, Poesias, Ilustrações, Performances, Ensaios Fotográficos, Curta Metragens, Videoclipes, Instalações interativas, Web arte, entre outros – configura-se como meu esforço pessoal de levar as narrativas transmidiáticas para o contexto da arte. Assim, minhas obras em múltiplas mídias e suportes tomam como base esse universo de ficção científica que tem como balizador o conceito de “deslocamento conceitual” definido por P. K. Dick, ou seja, desloco o tempo, a gnose e a tecnologia para um futuro hipotético para, na verdade, tratar de questões contemporâneas, intensificando-as com esse deslocamento temporal. A Aurora Pós-humana é um universo ficcional futurista criado por mim inspirado por artistas, cientistas, tecnólogos e filósofos que refletem sobre o impacto das novas tecnologias: bioengenharia, nanotecnologia, robótica, telemática e realidade virtual sobre a espécie humana, somados aos aspectos do que podemos chamar de tecnognose (Erik Davis, 1998), a continuidade das buscas transcendentes e místicas mesmo em um contexto hipertecnologizado. Para sua criação inspirei-me também no reflexo desses questionamentos na cultura pop, com o surgimento de filmes e séries como- eXistenZ, Matrix, 13º Andar, Gattaca, Avatar, Black Mirror, Deuses Americanos, Electric Dreams, Tetsuo – The Iron Man, e muitos outros - e de seitas como as dos Imortalistas, Prometeístas, Transtopianos e Raelianos. Esses últimos, por exemplo, acreditam na clonagem como promotora da vida eterna, nos alimentos transgênicos como responsáveis futuros pelo fim da fome no planeta, e na nanotecnologia e robótica como panaceia que eliminará o trabalho humano, são liderados pelo pseudo-guru Raël, um hedonista que constrói todo seu discurso a partir das previsões mais otimistas da ciência, baseando seu pensamento em afirmações messiânicas controversas. Também é importante salientar o aspecto psiconáutico presente no universo ficcional e em minhas criações, a busca de acessar a consciência Cósmica através de ancestrais tecnologias poderosíssimas, os chamados Enteógenos, ou plantas de poder, que permitem os ENOCs – estados não ordinários de consciência, como a Ayahuasca, o Psilocybe cubensis, o Peyote, e técnicas como os pranaiamas, a Respiração Holotrópica, e por fim os rituais magistickos da tradição ocultista oriental e ocidental, contextualizados no espectro da magia do caos, inaugurada pelo artista magista Austin Osman Spare. 



Na Aurora Pós-humana, imaginei um futuro em que a transferência da consciência humana para chips de computador seja algo possível e cotidiano. Em um tempo em que milhares de pessoas abandonaram seus corpos orgânicos por novas interfaces robóticas. Neste futuro hipotético, a bioengenharia teria avançado de tal forma que a hibridização genética entre humanos, animais e vegetais torna-se possível e corriqueira, gerando infinitas possibilidades de mixagem antropomórfica, seres que em suas características físicas remetem-nos imediatamente às quimeras mitológicas. Nesse contexto ficcional, duas "espécies pós-humanas” tornaram-se culturas antagônicas e hegemônicas disputando o poder em cidades-estado ao redor do globo, enquanto uma pequena parcela da população - uma casta oprimida e em vias de extinção -, insiste em preservar as características humanas, resistindo às mudanças. Dessas três raças que convivem nesse planeta Terra futuro, duas são o que podemos chamar de pós-humanas, sendo elas os "Extropianos" (seres abiológicos, resultado do upload da consciência para chips de computador) e os "Tecnogenéticos" (seres híbridos de humano, animal e vegetal, frutos do avanço da biotecnologia e nanoengenharia). Tanto Extropianos, quanto Tecnogenéticos contam com o auxílio respectivamente de "Golens de Silício" – robôs com inteligência artificial avançada (alguns reivindicam a igualdade perante as outras raças) e "Golens Orgânicos" – robôs biológicos, serventes dos Tecnogenéticos. A última raça presente nesse contexto é a dos "Resistentes", seres humanos no "sentido tradicional", raça em extinção correspondendo a menos de 5% da população do planeta. Todos os CDS, músicas e singles do Posthuman Tantra narram histórias que se passam no contexto desse universo ficcional, o mesmo acontecendo com as performances – que nesse caso adotam uma postura de ritual de presença ao criar as ambiências visuais e sonoras dos ritos pós-humanistas.


03 - Quais outros projetos musicais que você já teve? Poderia nos falart em especial um pouco mais do projeto Ciberpajé?

Ciberpajé: Meu primeiro projeto musical solo foi o Maldoror, ainda na primeira metade da década de 90, com influências de noise e das bandas do selo Cold Meat Industry. Com ele só gravei uma demo bem precária. Depois fui um dos fundadores do Essence, projeto de música dadaísta que criei com os insanos amigos Dênio Alves e Gazy Andraus na segunda metade dos anos 90, com ele gravamos 4 demos em cassete e 2 demo CDs, é uma banda cult para quem curte antimúsica, fomos esculachados lindamente por 2 vezes na Rock Brigade, nosso auge! O Posthuman Tantra surgiu no ano de 2004, durante minha pesquisa de doutorado em artes na USP, nasceu do desejo de criar ambiências sonoras para a Aurora Pós-humana e evoluiu para o que é hoje. Com uma produção musical reconhecida no mundo todo, dezenas de releases físicos e digitais, somando mais de 30 horas de música gravadas. O projeto musical Ciberpajé nasceu no mês de setembro de 2014, próximo da data em que eu completaria o aniversário de minha declaração de Ciberpajé. Recebi um convite inusitado do músico Genilson Alves, mentor da banda Each Second (SP) e da gravadora Lunare Music, ele sugeriu a criação de um projeto musical que musicasse os aforismos iconoclastas do Ciberpajé - escritos por mim quase diariamente e publicados em página no Facebook com cerca de 3 mil seguidores - também propôs que o nome do projeto fosse simplesmente "Ciberpajé". Ao pensar no projeto Genilson lembrou-se do escritor de ficção científica cyberpunk japonês Kenji Siratori - que inclusive participou do primeiro disco do Posthuman Tantra. Siratori grava recitações de seus textos viscerais e intrigantes e envia para bandas de industrial e darkwave musicarem, tendo participado de inúmeros álbuns pelo mundo afora. A ideia foi fazer algo parecido, mas dessa feita com os aforismos criados e recitados por mim. Assim, eu gravaria os aforismos dando as impostações e emoções que sentia ao escrevê-los e as bandas e musicistas convidados criariam uma atmosfera musical para o aforismo. A partir dessa concepção inicial foi gravado e lançado o primeiro EP do projeto Ciberpajé, "A Invocação da Serpente", com vozes e aforismos meus e música criada por Genilson Alves com seu projeto Each Second, importante representante da cena dark ambient nacional. Eu também fiquei responsável pela arte do EP, criando um padrão inicial para o projeto com desenhos simples e simbólicos desenhados em branco sobre fundo negro, que durou durante 12 lançamentos, mudando a partir do 13 EP. Os lançamentos do Projeto Ciberpajé integram o selo brasileiro Lunare Music, dedicado à música darkwave e experimental, disponibilizando todos os EPs para streaming e download gratuito. Desde então, já foram lançados 17 EPs do projeto Ciberpajé, reunindo musicistas das 5 regiões do Brasil, sendo eles: 

A Invocação da Serpente (parceria com Each Second/SP - 2014) 

Lua Divinal (parceria com Gorium/MT - 2015) 


Heresia Cósmica (parceria com Léo da Heresia/ Brasília – 2016) 


 O Estratagema da Aranha (parceria com Quando os Céus e os Oceanos Colidem/SP-PR – 2016) 


Verdades Voláteis (parceria com Sérgio Ferraz/PE – 2016) 


Cura Cósmica (Músicas de Posthuman Tantra & vozes do Granciberpajé Dimas Franco/MG - 2017) 


 Entranhas do Sol (parceria com Alan Flexa/AP – 2017)




Sinos Pós-humanos (parceria com Bells of Soul/SP – 2017)



Concerto Pós-humano: A Execração dos Ismos (parceria com [ANT]ISM/SP – 2017)




Pós-quintessência (décimo EP comemorativo, parcerias com Each Second, Gorium, pUNK[A]l_sUlUk, Sergio Ferraz, & Alan Flexa – 2017)

 Orgasmo Universal (parceria com Cisne Sônico/PE – 2017)


 Ao Caos Cotidiano (parceria com Merlin Box/MG – 2017)


 Vida que Pulsa (parceria com Mensageiros do Vento/BA – 2018)


     Aqualupus (parceria com Rafael Senra/MG – 2018)



A Carícia da Luz (parceria com Alpha III/SP – 2018)



Cerrado Ser (parceria com Stellatum/MG - 2019) 




 Hackeremixagem do EP "Ciberpajé - Heresia Cósmica" pelo projeto inglês Mentufacturer (2016).




Além dos 17 EPs, o Projeto Ciberpajé também teve um CD em formato físico lançado em 2015 reunindo 21 bandas de 5 países musicando os aforismos do Ciberpajé. O CD "Ciberpajé - Egrégora", foi encartado na revista "Gatos & Alfaces # 6". Sendo um projeto organizado pelo Ciberpajé e pelo editor da revista, o poeta e ativista underground Luiz Carlos Barata Cichetto. O álbum tornou-se uma verdadeira egrégora, somando forças de músicos de várias partes do país e do mundo musicando com total liberdade os aforismos pré-gravados com a voz do Ciberpajé. A variedade de estilos, riqueza de melodias e antimelodias que surgiu surpreende. No CD temos desde o blues, passando pelo rock progressivo, pelo heavy metal e chegando a estilos como o dark ambient, o industrial e o noise. Uma viagem sonora pautada pela iconoclastia dos meus aforismos. As 21 bandas convidadas que integram o CD são: Posthuman Tantra & Luiz Carlos Barata Cichetto (Brasil); Muqueta Na Oreia (Brasil); Zemlya (Brasil); Blues Riders (Brasil); TransZendenZ (Suíça); Alpha III Project (Brasil); Poolsar (Brasil); Each Second (Brasil), Gorium (Brasil); Blakr (Inglaterra); Gabriel Fox (Brasil); Hidden in Plain Sight (Brasil); God Pussy (Brasil); Nix's Eyes (Brasil); Emme Ya (Colômbia); Vento Motivo (Brasil); Iamí (Brasil); ANT[ISM] (Brasil); Melek-tha (França); Kamboja (Brasil); Dimitri Brandi de Abreu (Brasil). A arte de capa é de minha autoria.



Inclusive você, amigo Gorium, tem honrado-me com várias parcerias consolidadas no Projeto Ciberpajé, sendo o musicista responsável pelo segundo EP do projeto – um dos mais apreciados pelos fãs – o impactante “Lua Divinal”, e também tendo participado do EP Pós-quintessência e do CD Egrégora. Gratidão, meu talentoso amigo, por essas incríveis parcerias e pelo apoio ao Posthuman Tantra e ao Projeto Ciberpajé!


04 - Diante de todo esse universo ficcional incomum, qual é a primeira reação daqueles que acabam de conhecer sua arte?

Ciberpajé: A música e as performances do Posthuman Tantra sempre causam reações extremas, ou de profundo ódio e raiva, ou de amor intenso. Para mim são exatamente as reações viscerais que interessam. Já tive gente dizendo que minhas músicas REALMENTE causaram tonteira e ânsia de vômito, outros choraram ouvindo-as, ou assistindo nossas performances ao vivo, outros ainda tiveram crises de riso que beiraram a insanidade. Alguns saem depois de poucos minutos ao assistirem a performance, enojados e indignados, outros aplaudem de pé e vão a todas as apresentações possíveis. Já fomos expulsos do palco, vaiados violentamente, entre outras ações sempre extremas. Em um mundo da arte onde reina a apatia e a necessidade de seguir padrões e rotulações, sinto que o Posthuman Tantra cumpre seu fundamental papel de iconoclastia. E quando as pessoas mergulham em minha arte e percebem a essência da Aurora Pós-humana, acabam entendendo que todas as minhas obras, mesmo as mais grotescas e obscuras tratam do amor incondicional e da busca da integralização como ser.



05 - Houve uma censura numa apresentação que fez na Unievangélica, em Anápolis, qual foi a posição da Universidade após a censura? situações lamentáveis iguais a esta ocorreram outras vezes?


Ciberpajé: No dia 22 de outubro de 2013 tivemos nossa performance interrompida na quarta música (de 8 programadas) durante o “Congresso Internacional de Pesquisa, Ensino e Extensão da UniEvangélica de Anápolis/GO”. Ao final do quarto ato, intitulado "Iniciação sexual com um robô multifuncional", a organização do evento acendeu as luzes do auditório e numa atitude de explícita censura bradou do fundo do auditório que a apresentação estava encerrada, causando enorme constrangimento em toda a equipe do Posthuman Tantra. O tempo da apresentação tinha sido combinado previamente com a organização e teríamos ainda mais de 25 minutos, o que daria para completar o set. Após a atitude inquisitória de censura explícita, tentei ponderar mas não fui ouvido e declarei então para todos os presentes que estávamos sendo censurados, tudo está registrado em vídeo que pode ser visto no canal do Posthuman Tantra no Youtube. O Posthuman Tantra foi convidado pela organização do evento, que ao realizar o convite deveria saber do que se trata nossa performance artística - existem vídeos, fotos e detalhes sobre ela em nosso canal do Youtube, Myspace e Facebook. A apresentação foi programada com os mesmos atos que têm sido apresentados em 4 regiões brasileiras, em eventos nacionais e internacionais de pesquisa. Inclusive, no dia 20 de setembro de 2013, realizamos uma apresentação na UEG (Universidade Estadual de Goiás) em Anápolis com excelente recepção e resposta do público presente. Não bastasse o ato de censura e todo o constrangimento que passamos ainda ocorreu uma pressão para que deixássemos o palco o mais rápido possível. O Posthuman Tantra é uma ação artística que integra as investigações do grupo de pesquisa CRIA_CIBER, cadastrado no CNPq e ligado ao Programa de Pós-graduação (mestrado e doutorado) da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás, do qual sou professor permanente. Todos os integrantes presentes no palco eram pesquisadores do grupo de pesquisa. Um episódio triste, que denota uma atitude discriminatória e arcaica de uma instituição universitária diante de uma apresentação de caráter artístico que se propõe a gerar reflexões e promover diálogos. Uma universidade deve estar aberta à "diversidade", ao "universo de saberes possíveis". Esclareço que o Posthuman Tantra não se liga a nenhum dogma e continuaremos nossa saga ainda com mais entusiasmo e energia! Destaco ainda que no dia 5 de novembro de 2013 foi enviada - pela coordenação do Programa de Pós-graduação em Arte e Cultura Visual, da FAV/UFG, uma moção de repúdio à censura ao Posthuman Tantra que aconteceu durante o Congresso Internacional de Pesquisa, Ensino e Extensão da UniEvangélica de Anápolis/GO. A Moção foi encaminhada aos coordenadores do evento que assinaram o convite impresso feito à Edgar Franco (eu) e equipe, sendo eles: o Reitor da UniEvangélica à época, o Prof. Msc. Carlos Hassel Mendes da Silva; o Prof. Dr. Francisco Itami Campos, Pró-reitor de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Ação Comunitária; o Chanceler da UniEvangélica, o Sr. Geraldo Henrique Espíndola; e o Pró-reitor Acadêmico Prof. Ms. Marcelo Mello Barbosa. Nunca obtivemos nenhuma resposta à essa moção de repúdio e nenhum esclarecimento daquela instituição. Acredito que o que assustou os organizadores foi sua mentalidade medieval e despreparada que não teve o mínimo cuidado de tentar compreender o contexto de nossa performance e as reflexões críticas sobre as relações entre homem e tecnologia. Para mentes tacanhas representamos uma iconoclastia profunda, somos os arautos da dúvida que abalam as estruturas dos dogmas, que ameaçam tirar os incautos de seus úteros acolhedores, das mentiras seguras em que estão mergulhados. Como já destaquei, muitas pessoas saem impactadas de nossas performances e a recepção é sempre extremista, ou gostam muito ou odeiam, e as duas reações nos interessam. Esse ato de censura foi uma prova para nós de que o que fazemos tem relevância, não criamos arte para entreter idiotas, criamos arte para nos expressarmos diante das mazelas desse mundo, assim é, assim será. Depois desse episódio fatídico já fomos vaiados muitas vezes e motivo de posts indignados de radicais religiosos acusando-nos entre outras coisas de zoofilia! O Posthuman Tantra seguirá sua saga iconoclasta enquanto vivo eu estiver!


(vídeo da censura na apresentação ocorrida na Unievangélica, 22/10/2013)

06 - Nos primeiros meses de 2019 já nos apresentou lançamentos com o Posthuman Tantra e Ciberpajé, o que mais tem programado para esse ano?


Ciberpajé: O mais recente álbum full-lenght do Posthuman Tantra, chamado Lúcifer Tansgênico, foi lançado pela gravadora inglesa 412 Recordings em 2016. Desde então tenho criado aquele que será seu sucessor, e provavelmente ganhará o mundo em 2020. Esse ano além do single já lançado pela Necromancia, também lançarei um EP que está em fase de finalização. Por falar no single “Transhuman Baphomet's Cult”, realizei uma densa entrevista com a IV Sacerdotisa da Aurora Pós-humana (Danielle Barros) tratando do processo ritualístico de criação da obra, ela pode ser lida nesse link: https://ciberpaje.blogspot.com/2019/02/entrevista-posthuman-tantra-cogumelos.html; aproveito para agradecer a oportunidade de lançá-lo pela Necromancia, netlabel que apesar do pouco tempo de existência já mostrou sua força com lançamentos de impacto, uma honra fazer parte do cast! Ouçam o single clicando na arte da capa abaixo:



https://necromancia-darknet.bandcamp.com/album/transhuman-baphomets-cult-nm-012


O Projeto Ciberpajé já tem 2 novos EPs em fase de gravação e a promessa de um outro terceiro musicista muito reconhecido no panorama nacional de gravar um dos Eps. Também iniciei um novo projeto musical em parceria com o musicista brasileiense Amante da Heresia (do pUNkAl sUlUk) e em breve lançaremos nosso primeiro EP. Ou seja, sigo forte e entusiasmado, pois vida é arte, vida é criação!


Gratidão pelaentrevista, amigo André Gorium, aos que tiverem interesse em conhecer mais sobre a minha obra transmídia sugiro visitarem meu blog A Arte do Ciberpajé: https://ciberpaje.blogspot.com

*19915*


[N]


Agradeço ao Ciberpajé por toda a atenção e confiança.
Realmente essa entrevista foi incrível, com muito do universo deste grande artista pós humano, não deixem de também darem uma conferida na entrevista que o Ciberpajé deu para a IV Sacerdotisa, a respeito do single "Transhuman Baphomet's Cult", lançado pela Necromancia, está sensacional.

(Data da entrevista – 01 de março de 2019)





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